A TERRA, A ROCHA E O MAR

Cronologia

 

 

1939- Nasce no dia 14 de março, às 3h40, em Vitória da Conquista, Bahia, Glauber de Andrade Rocha, primeiro filho de Adamastor Bráulio da Silva Rocha e Lúcia Mendes de Andrade Rocha. O nome Glauber, dado pela mãe, foi inspirado no do cientista alemão Johann Rudolf Glauber (1603-68), que descobriu o sulfato de sódio ou "sal de Glauber". É batizado na Igreja presbiteriana, tendo como padrinhos a própria mãe e o pastor. O pai vinha de família católica. 

•Torna-se obrigatória a exibição de um longa-metragem brasileiro por ano em cada sala de cinema. Cria-se o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), órgão governamental encarregado da censura. A Cinédia e a Sonofilmes produzem comédias musicais; Carmem Miranda lança o compositor Dorival Caymmi no filme “0 Que é que a Baiana Tem?”. Raul Roulien filma "Aves sem Ninho". Com o crescimento da colônia nipônica, filmes japoneses são exibidos regularmente em São Paulo. Getúlio Vargas é o Presidente da República desde 1934, tendo assegurado sua permanência no governo com o golpe que instaurou o Estado Novo em 1937.

1940 - Em 27 de agosto, nasce a irmã Ana Marcelina de Andrade Rocha.

1941 - •A Cinédia lança “Pureza”, adaptação de José Lins do Rego. O INCE (Instituto Nacional de Cinema Educativo) produz Bandeirantes, de Humberto Mauro, com Carmem Santos. A Companhia Americana de Filmes, em São Paulo, produz Eterna Esperança, de Leo Marten. Paulo Emilio Salles Gomes anima o primeiro Clube de Cinema de São Paulo, na Faculdade de Filosofia. A guerra impede a importação de filme virgem. É fundada, no Rio, a Atlântida Cinematográfica S. A.. A Cinédia leva vedetes do teatro Dulcina e Odilon, para o cinema, em 24 horas de Sonho.

1942 - Em 26 de outubro, nasce sua segunda irmã, Anecy de Andrade Rocha.

  • Orson Welles filma ”It’s all True” (“É Tudo Verdade”) no Brasil. Fim da revista Cinearte, publicada desde 1916. Vinícius de Moraes, crítico de cinema, inicia polêmica sobre o cinema mudo e o falado. O Brasil declara guerra aos países do Eixo durante a II Guerra Mundial.         

1946 - Alfabetizado pela mãe, Glauber entra para a escola, aos sete anos. Cursa o primário num colégio católico em Vitória da Conquista. Morre a avó de Glauber, D. Marcelina. 

• Torna-se obrigatória a exibição de três longas-metragens brasileiros por ano em cada sala. Jorge Amado, deputado em São Paulo, pelo Partido Comunista, propõe uma nova legislação cinematográfica. “O Ébrio”, de Gilda de Abreu, com Vicente Celestino, é o grande sucesso da Cinédia. É criado o Clube de Cinema da Faculdade de Filosofia do Rio de janeiro

1947 - Em agosto, a família muda-se para Salvador. "Isso aconteceu em função dos negócios do meu pai que era comerciante, e depois foi construtor de estradas de ferro e de rodagem." Glauber acompanha o pai nas viagens pelo sertão da Bahia. 

Luiz Severiano Ribeiro torna-se acionista majoritário da Atlântida. A chanchada domina o cinema brasileiro com filmes populares e distribuição garantida.

1948/49 - Em março, Glauber passa a freqüentar o colégio presbiteriano Dois de Julho, onde recebe intensa educação religiosa e participa das festas e do coro do colégio. Aos nove anos, escreve, em espanhol, a peça El Hijito de Oro, que é encenada no colégio pelo professor de francês Josué de Castro. O papel masculino principal é interpretado pelo próprio Glauber. O pai abre no centro da cidade a loja O Adamastor. Engenheiro de estradas de rodagem, o pai sofre um acidente que deixa graves seqüelas. A mãe, aos 29 anos, assume os negócios e a chefia da família.

• Carmem Santos realiza Inconfidência Mineira; a Atlântida realiza “Terra Violenta”, adaptação de Jorge Amado. No Rio é criado o Círculo de Estudos Cinematográficos. Surgem os cineclubes de Porto Alegre, Santos e Fortaleza.

1952 - Aos treze anos, Glauber participa, como crítico de cinema, do programa “Cinema em Close-Up”, na Rádio Sociedade da Bahia. A irmã de Glauber, Ana Marcelina, morre de leucemia aos 11 anos, o que causa grande impacto em toda a família.  Nasce, Ana Lúcia Mendes Rocha, a irmã mais nova de Glauber, que viria a ser sua confidente pelo resto de sua  vida.

 • A Multifilmes é fundada em São Paulo. A Vera Cruz produz “Tico-Tico no Fubá” e “Sai da Frente”, estréia do cômico Mazzaropi. Alberto Cavalcanti dirige “Simão, o Caolho”, seu primeiro filme no Brasil. A Atlântida produz “Carnaval Atlântida” e “Barnabé tu és Meu”, de José Carlos Burle. Humberto Mauro filma “O Canto da Saudade”. Surge a revista Cinelândia.

1953 – Glauber escreve ao tio, Wilson Mendes de Andrade, revelando o desejo de ser escritor. Lê Jorge Amado, Érico Veríssimo, clássicos da literatura juvenil e filosofia (Nietzsche e Schopenhauer). Freqüenta as matinês e lê histórias em quadrinhos. (Caderno Glauber)

• Grande seca no Nordeste. Em Salvador, o pioneiro do cinema baiano, Alexandre Robatto Filho, lança o curta-metragem “Entre o mar e o Tendal” documentário sobre a pesca do xaréu. A Vera Cruz produz “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, “Sinhá Moça”, filme de época, e a comédia “Uma Pulga na Balança”. A Atlântida lança “Uma Dupla do Barulho”, de Carlos Manga, e “Amei um Bicheiro” de Jorge Ileli e Paulo Wanderley. A Multifilmes produz o primeiro longa-metragem em cores, “Destino em Apuros”. Alex Viany dirige “Agulha no Palheiro” e Alberto Cavalcanti propõe a criação do Instituto Nacional do Cinema (INC).

1954 - No Colégio Central da Bahia, Glauber cursa o Clássico. Ingressa no Círculo de Estudo, Pensamento e Ação (CEPA), dirigido pelo professor Germano Machado. Escreve o balé “Sefanu” e freqüenta ativamente o Clube de Cinema, animado pelo crítico Walter da Silveira.

• Suicídio do Presidente Getúlio Vargas. Falência da Vera Cruz, após a produção de “Floradas na Serra”, com Cacilda Becker e Jardel Filho. Alberto Cavalcanti filma “O Canto do Mar” e “Mulher de Verdade”. Alex Viany dirige “Rua sem Sol” e Carlos Manga faz “Nem Sansão nem Dalila” e “Matar ou Correr”. Watson Macedo lança “O Petróleo é Nosso”. A Revista de Cinema de Belo Horizonte.vira referência nacional.

1955 -Idealizado pelo poeta Fernando Rocha Peres, é criado no Colégio Estadual da Bahia o grupo “Jogralescas Teatralizações Poética”, combinando poesia e teatro. Glau­ber dirige as encenações. Participam do grupo, Anecy Rocha, Ângelo Roberto, Paulo Gil Soares, Calasans, Anysiys Melhor, Guerrinha, entre outros. Encenam poetas modernistas como Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.

• Nelson Pereira dos Santos realiza “Rio, 40 Graus”. A baiana Marta Rocha é recebida com festa em Salvador depois de ficar em segundo lugar no concurso de Miss Universo. Morre Carmem Miranda.

1956-Glauber, Calasans Neto, Sante Scaldaferri, Luis Paulino, Zé Telles, Fernando da Rocha Peres, Fred Castro entre outros, fundam a Cooperativa Cinematográfica Yemanjá. Como Palavra de Ordem, pixam nos muros da cidade: “Você acredita em Cinema na Bahia !”.
A estréia do grupo “Jogralescas” acontece em setembro, no aniversário do Colégio Central da Bahia.  Conhece Milze Maria Soares. Colabora no filme “Um dia na Rampa”, curta-metragem de Luiz Paulino dos Santos rodado no Mercado Modelo de Salvador.

• Juscelino Kubitschek é eleito Presidente da República, tendo como vice João Goulart. A cultura na Bahia ganha novo impulso com a criação da Escola de Teatro da Universidade da Bahia, dirigida por Martim Gonçalves, do curso de música dirigido pelo maestro Hans Koellreuter, e da Escola de Dança, dirigida por Yanka Rudzka. É criada a Cinemateca Brasileira em São Paulo.

1957-Glauber viaja para Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Em Belo Horizonte encontra Adolfo Celi, Paulo Autran e Tonia Carrero. Visita o Centro  

de Estudos Cinematográficos (CEC) e entra em contato com Frederico de Moraes, Maurício Gomes Leite, Flávio Pinto Vieira, Fritz Teixeira Salles e Geraldo Fonseca, responsáveis pelas edições da Revista de Cinema e Revista Complemento. Em Minas tenta implantar sem sucesso o seu projeto de “CinemaNovo”.
Vai então ao Rio, buscar financiamento para uma série de filmes da Sociedade Cooperativa Yemanjá. Entre os projetos, um de sua autoria:“Senhor dos Navegantes”. Visita as filmagens de “Rio, Zona Norte”, de Nelson Pereira dos Santos onde conhece Alex Viany. Em São Paulo, inteira-se do movimento concretista.

• Retorna à Salvador e  cursa  Direito da Universidade Federal da Bahia, até o terceiro ano. Chamado por Ariovaldo Ma­tos ,participa do jornal de esquerda “O Momento”. Colabora nas revistas culturais Mapa e Ângulos e no semanário “Sete Dias”.

Filma “Pátio”, com Solon Barreto e Helena Ignez, um filme formalista e influenciado pelo concretismo, utilizando as sobras de negativos do longa-metragem “Redenção”, de Roberto Pires.

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