"Invertar-te-ia antes que o transformem num mal-entendido"
Ganhador de vários prêmios do cinema, referência internacional, crítico, escritor, ator e sobretudo cineasta, Glauber foi quem melhor representou a geração do Cinema Novo e o ideal revolucionário característico do movimento.
Nascido em 1939 em Vitória da conquista na Bahia, começou a produzir aos nove anos de idade, quando escreveu uma peça teatral em espanhol chamada “El Hijito de Oro”. Aos treze anos participou como crítico do programa “Cinema em Close-Up” na rádio Sociedade da Bahia e em 1957 produziu seu primeiro filme, “O Pátio”. Após esse período, seguiu realizando importantes filmes como “Barravento”, de 1961, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de 1964 e “Terra em Transe”, de 1967.
Vítima da ditadura, Glauber teve seus filmes censurados, seu apartamento invadido pela polícia e em 1965 foi preso com outros intelectuais e, finalmente, exilado em 1969.
No exterior aprendeu e produziu muito: estabeleceu contato com importantes figuras do cinema, como Jean Luc Godard e Luis Buñuel, apresentou a tese "Eztetyka do Sonho" na Universidade de Columbia nos Estados Unidos e filmou na África para produtores franceses.
Entre 1971 e 1976, já livre do exílio, passou pelos centros comunistas e de esquerda do mundo, como Moscou, Paris e o Congo na África. Em Cuba, Chile, Peru e Uruguai, estabeleceu contato com políticos ilustres como João Goulart e recolheu material para um longa metragem sobre a realidade da América, “Nostra América”.
Sempre envolvido em escândalos e coberto de críticas, volta ao Brasil e em 1977 invade o velório do amigo Di Cavalcanti. Narra o enterro como se fosse uma partida de futebol e acaba tendo seu filme sobre o pintor interditado pela filha.
Em 1981, após breve período em Portugal, volta ao Brasil seriamente doente (até hoje não se sabe ao certo de que, mas acredita-se que por problemas bronco-pulmonares) e vem a falecer aos 42 anos. Seu enterro foi filmado por Silvio Tendler e, ironicamente ou não, a mãe de Glauber, Lúcia Rocha, impediu qualquer veiculação das imagens, hoje já liberadas e integrantes de documentários a respeito do artista.
Glauber acreditava numa revolução brasileira e afirmava que ela só ocorreria por meio da violência; que só o sangue provaria para o dominador que povo dominado tem voz ativa e vontade própria. Para ele, cinema era política, por isso retratava em seus filmes a decadência das ditaduras latinas e ibéricas, a desgraça da população e a possibilidade de um levante por parte desta e tinha por objetivo maior incentiva-la a buscar, por meio da força, sua libertação.






